CAPITAL HUMANO

 

 

Atualmente o único bem na empresa que não pode ser copiado são as pessoas , o talento faz a diferença. O capital humano é um dos principais ativos geradores de riqueza nas empresas. O valor de cada indivíduo contribui para o crescimento da organização e pode ser aumentado ou depreciado de acordo com as políticas e práticas de gestão aplicadas . Com a mudança constante do contexto econômico, em que a formação de valor no mercado cada vez mais depende da qualidade de serviços e conhecimentos prestados , onde bens tangíveis são facilmente copiáveis , as pessoas se tornaram definitivamente um diferencial competitivo , deste modo torna-se cada vez mais evidente a demanda das organizações em novas ferramentas e estratégias de gestão onde a idéia de "despesas com pessoal" passa a dar lugar ao "investimento em capital humano". Quais são os caminhos ?

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  O conceito de capital humano tem origem durante a década de 1950, nos estudos de Theodore W. Schultz, (1902 - 1998), que dividiu o prêmio Nobel de Economia de 1979 com Sir Arthur Lewis.[1]

O conceito foi desenvolvido e popularizado por Gary Becker e retomado, nos anos 1980, pelos organismos multilaterais mais diretamente vinculados ao pensamento neoliberal, na área educacional, no contexto das demandas resultantes da reestruturação produtiva. Deriva dos conceitos de capital fixo (maquinaria) e capital variável (salários). O "capital humano" (capital incorporado aos seres humanos, especialmente na forma de saúde e educação) seria o componente explicativo fundamental do desenvolvimento econômico desigual entre países.

Entretanto, a idéia de aplicar o conceito "capital" a seres humanos, no sentido de transformar pessoas em capital para as empresas, contraria frontalmente o pensamento humanista que marcou a esquerda no pós-guerra.

Segundo a teoria marxista, o conceito de capital humano corresponde a uma reificação, com o propósito de convencer o trabalhador de que ele é, na verdade, um capitalista. Este aspecto é tratado no volume II de O Capital: [2]

"Economistas apologéticos (...) dizem: (...) a sua [do trabalhador] força de trabalho é, portanto, ela mesma, seu capital em forma-mercadoria, da qual lhe flui continuamente seu rendimento. De fato, a força de trabalho é a sua [do trabalhador] propriedade (reprodutiva, que sempre se renova), e não o seu capital. É a única mercadoria que ele pode e tem que vender continuamente, para viver, e que atua como capital variável apenas nas mãos do comprador, o capitalista. Que um homem seja continuamente compelido a vender sua força de trabalho, isto é, ele mesmo, para outro homem, prova, segundo esses economistas, que ele é um capitalista, porque constantemente tem "mercadorias" para vender. Nesse sentido, um escravo também é um capitalista, embora ele seja vendido por uma outra pessoa, mas sempre como mercadoria; pois é da natureza dessa mercadoria, o trabalho escravo, que seu comprador não só a faça trabalhar de novo a cada dia mas também lhe dê os meios de subsistência que a capacitam a trabalhar de novo e sempre." (MARX, Kark . O Capital, vol. II, capítulo XX, seção X).

 

O QUE É CAPITAL HUMANO?

Carlos Escóssia


Diante do atual paradigma emergente, baseado na sociedade global, enquanto não conhecermos o valor econômico da educação estaremos construindo um futuro parecido com o passado e não muito diferente do presente.

Em outras palavras, estaremos fadados a um permanente atraso sócio-politico-econômico e sobretudo cultural.

Por capital humano, devemos entender o conjunto de investimentos destinados à formação educacional e profissional de determinada população.

O índice de crescimento do capital humano é considerado um dos indicadores (no caso, o mais importante) do desenvolvimento econômico.

No caso especifico do nosso país, não se tem mostrado preocupação com os estudos que revelam ser os investimentos em capital humano a força motriz do processo de desenvolvimento econômico social.

Não existem estudos direcionados para avaliações de cálculos relativos ao retorno social em educação e não se tem procurado apurar a influência da qualificação das pessoas sobre a distribuição de renda do país.

São bandeiras como essas que devem nortear a sociedade civil e, sobretudo, os educadores (não confundir com empresários da educação), no sentido de barrar o processo de privatização das universidades.

Entendemos, como têm procedido os países desenvolvidos, a necessidade do governo brasileiro tratar com maior - ou simplesmente com seriedade - a educação, com investimento maciços que tornem o acesso ao ensino menos dependente da renda, ou do perfil de riqueza familiar.

Dessa forma, estaria contribuindo para impulsionar o processo de crescimento, ao mesmo tempo em que se poderia fornecer respostas alocativas corretas sobre taxas de retorno à educação, de modo a corrigir o perfil da distribuição da renda nacional.

De um modo geral, inclusive nos estudos para o Brasil, as taxas de retorno sociais a investimentos em educação são bem maiores do que as taxas de retorno ao capital fixo, o que sugere ser relativamente mais importante investir no homem do que em máquinas.

Quanto à distribuição de renda, o pressuposto básico da análise teórica é que os investimentos em educação elevam a produtividade dos indivíduos, permitindo-lhes obter, no mercado de trabalho, salários proporcionalmente mais elevados.

Diante do exposto, e de acordo com a moderna teoria econômica, que preconiza o processo de crescimento basicamente como uma questão de eficiência, e afirma que para crescer o importante é investir bem os recursos da sociedade, definindo-se as alternativas de investimentos de forma abrangente.

É fundamental compreendermos, com clareza, o conceito de capital, para incluir o capital humano e não apenas o capital fixo convencional.

Entendendo-se que os gastos com o aperfeiçoamento da base de recursos humanos sejam vistos como investimento, contribuir-se-á para a melhoria qualitativa da força do trabalho.

O Estado precisa entender a educação não como custo, mas como investimento.

Afinal, como exigir do trabalhador ser polivalente, aprendendo e dominando as novas tecnologias, com investimentos tão pouco em educação, como é o caso do governo brasileiro: nos último dez ano, o governo investiu 3,2% do PIB em educação, enquanto que o Chile, México, Argentina e Bolívia, nossos vizinhos, investiram, respectivamente, 3,6%, 3,8%, 9,9%, e 16,6%; a Bélgica, Dinamarca e Holanda investiram 10%.

Para citar países mais pobres que o nosso: Colômbia, Mauritânia, Bertin e o Paraguai investiram cerca de 20%.

Assim, fica cada vez mais evidente que a dinâmica da economia mundial tem se dado especialmente nos setores de alta tecnologia, que em geral requerem altíssimos investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

Dessa forma, o processo de inovação, especialmente nas áreas dinâmicas, tende a restringir-se aos países que priorizam o capital humano, e ai muitas vezes se observa a cooperação entre empresas, centro de pesquisas e universidades, para o fim de garantirem a hegemonia nas áreas dinâmicas.

Isso porque um país que leva em consideração o enorme potencial representado pelos investimentos em capital humano cresce mais rapidamente que os demais.

Hoje, com esse novo paradigma baseado na sociedade global, constata-se que os países que mais evoluíram são justamente os que cuidaram da sua base de recursos humanos, o que demonstra o acerto da nova teoria.


GlOSSÁRIO

Desenvolvimento Econômico: Crescimento econômico (aumento do Produto Nacional Bruto per Cápita) acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações fundamentais na estrutura da economia.

Mudança de Paradigma: Mudança de modelo, padrão, rumo, norte, etc.

Distribuição de Renda: Maneira como se distribui, entre os participantes da produção, o resultado de sua atividade no processo produtivo. É tradicionalmente estudado do ponto de vista de uma distribuição funcional, isto é, da repartição da renda segundo os fatores de produção: trabalho, capital e recursos naturais. Essa repartição se realiza por meio do pagamento de salários, juros, lucros e da renda da terra.

Capital: É um dos fatores de produção, formado pela riqueza e que gera renda. É representado em dinheiro e também pode ser definido como todos os meios de produção que foram criados pelo trabalho e que são utilizados para a produção de outros bens.

Capital Fixo: Em termos de contabilidade de uma empresa, é aquele representado por imóvel, máquinas e equipamentos. É também chamado do ativo fixo.