Carlos Escóssia
Diante do atual paradigma emergente, baseado na sociedade global, enquanto não conhecermos o valor econômico da educação estaremos construindo um futuro parecido com o passado e não muito diferente do presente.
Em outras palavras, estaremos fadados a um permanente atraso sócio-politico-econômico e sobretudo cultural.
Por capital humano, devemos entender o conjunto de investimentos destinados à formação educacional e profissional de determinada população.
O índice de crescimento do capital humano é considerado um dos indicadores (no caso, o mais importante) do desenvolvimento econômico.
No caso especifico do nosso país, não se tem mostrado preocupação com os estudos que revelam ser os investimentos em capital humano a força motriz do processo de desenvolvimento econômico social.
Não existem estudos direcionados para avaliações de cálculos relativos ao retorno social em educação e não se tem procurado apurar a influência da qualificação das pessoas sobre a distribuição de renda do país.
São bandeiras como essas que devem nortear a sociedade civil e, sobretudo, os educadores (não confundir com empresários da educação), no sentido de barrar o processo de privatização das universidades.
Entendemos, como têm procedido os países desenvolvidos, a necessidade do governo brasileiro tratar com maior - ou simplesmente com seriedade - a educação, com investimento maciços que tornem o acesso ao ensino menos dependente da renda, ou do perfil de riqueza familiar.
Dessa forma, estaria contribuindo para impulsionar o processo de crescimento, ao mesmo tempo em que se poderia fornecer respostas alocativas corretas sobre taxas de retorno à educação, de modo a corrigir o perfil da distribuição da renda nacional.
De um modo geral, inclusive nos estudos para o Brasil, as taxas de retorno sociais a investimentos em educação são bem maiores do que as taxas de retorno ao capital fixo, o que sugere ser relativamente mais importante investir no homem do que em máquinas.
Quanto à distribuição de renda, o pressuposto básico da análise teórica é que os investimentos em educação elevam a produtividade dos indivíduos, permitindo-lhes obter, no mercado de trabalho, salários proporcionalmente mais elevados.
Diante do exposto, e de acordo com a moderna teoria econômica, que preconiza o processo de crescimento basicamente como uma questão de eficiência, e afirma que para crescer o importante é investir bem os recursos da sociedade, definindo-se as alternativas de investimentos de forma abrangente.
É fundamental compreendermos, com clareza, o conceito de capital, para incluir o capital humano e não apenas o capital fixo convencional.
Entendendo-se que os gastos com o aperfeiçoamento da base de recursos humanos sejam vistos como investimento, contribuir-se-á para a melhoria qualitativa da força do trabalho.
O Estado precisa entender a educação não como custo, mas como investimento.
Afinal, como exigir do trabalhador ser polivalente, aprendendo e dominando as novas tecnologias, com investimentos tão pouco em educação, como é o caso do governo brasileiro: nos último dez ano, o governo investiu 3,2% do PIB em educação, enquanto que o Chile, México, Argentina e Bolívia, nossos vizinhos, investiram, respectivamente, 3,6%, 3,8%, 9,9%, e 16,6%; a Bélgica, Dinamarca e Holanda investiram 10%.
Para citar países mais pobres que o nosso: Colômbia, Mauritânia, Bertin e o Paraguai investiram cerca de 20%.
Assim, fica cada vez mais evidente que a dinâmica da economia mundial tem se dado especialmente nos setores de alta tecnologia, que em geral requerem altíssimos investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Dessa forma, o processo de inovação, especialmente nas áreas dinâmicas, tende a restringir-se aos países que priorizam o capital humano, e ai muitas vezes se observa a cooperação entre empresas, centro de pesquisas e universidades, para o fim de garantirem a hegemonia nas áreas dinâmicas.
Isso porque um país que leva em consideração o enorme potencial representado pelos investimentos em capital humano cresce mais rapidamente que os demais.
Hoje, com esse novo paradigma baseado na sociedade global, constata-se que os países que mais evoluíram são justamente os que cuidaram da sua base de recursos humanos, o que demonstra o acerto da nova teoria.
Desenvolvimento Econômico: Crescimento econômico (aumento do Produto Nacional Bruto per Cápita) acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações fundamentais na estrutura da economia.
Mudança de Paradigma: Mudança de modelo, padrão, rumo, norte, etc.
Distribuição de Renda: Maneira como se distribui, entre os participantes da produção, o resultado de sua atividade no processo produtivo. É tradicionalmente estudado do ponto de vista de uma distribuição funcional, isto é, da repartição da renda segundo os fatores de produção: trabalho, capital e recursos naturais. Essa repartição se realiza por meio do pagamento de salários, juros, lucros e da renda da terra.
Capital: É um dos fatores de produção, formado pela riqueza e que gera renda. É representado em dinheiro e também pode ser definido como todos os meios de produção que foram criados pelo trabalho e que são utilizados para a produção de outros bens.
Capital Fixo: Em termos de contabilidade de uma empresa, é aquele representado por imóvel, máquinas e equipamentos. É também chamado do ativo fixo.